Mas afinal, o que é meditação?
Certa vez perguntaram a um mestre Zen: “O que é o Zen?”
E ele respondeu:
“Quando ando, ando. Quando bebo, bebo. Quando durmo, durmo.”
Assim como Espiritualidade, o termo Meditação tem sido usado de forma ampla para expressar diferentes práticas. Quando falamos de meditação imaginamos alguém sentado, de pernas cruzadas e olhos entreabertos, seria isso? Muito do nosso conhecimento científico nasceu de algumas práticas orientais estudadas, em especial o mindfulness, ou atenção plena. Foram tantos os estudos nesse campo que a mindfulness ganhou notoriedade e diante dos diversos benefícios cientificamente demonstrados passou a ser usada e até prescrita. Meditar seria isso, então?
Lembro-me do movimento que ocorreu décadas atrás a respeito da atividade física. No passado a pessoa adoecida era proibida de se esforçar. Vieram os estudos com o condicionamento aeróbico e após algum tempo tudo que tínhamos se resumia a isso. As décadas se passaram e hoje a atividade resistida, o aeróbico, o Taichi, etc passaram a ser práticas com aplicações diversas na manutenção e recuperação da saúde.
Muitas são as definições de meditação, algumas são incrivelmente diferentes. Mas um aspecto está presente em todas: a atenção, o foco da mente. Parece-me que o portal para as diferentes práticas passa pela atenção plena. Se você está parado, em movimento, emitindo sons, ouvindo sons, emanando compaixão ou recebendo importa menos. A questão é se você está realmente presente. Presente? Podemos não estar? Talvez deva me expressar melhor: Ativamente presente! Seja através de um mantra, da respiração, do lento movimento do corpo estou ativamente presente.
Certa vez perguntaram a um mestre Zen: “O que é o Zen?” E ele respondeu: “Quando ando, ando. Quando bebo, bebo. Quando durmo, durmo.” Dessa conexão com o momento presente em grande intensidade surge uma experiência sublime. O que alguns autores chamariam do “Deus das pequenas coisas”. Precisamos então de uma prática? Ou precisamos tornar nossa vida uma prática? É curioso perceber o quanto nossa cultura é o oposto disso. Tanto entretenimento, tanta distração, tanto ruído...
Diante desse contexto, práticas de culturas distantes parecem brilhar os olhos como a saída para nossos problemas de conexão e foco. Alguém estudou o mapeamento cerebral das lavadeiras de roupas a beira dos rios que cantam enquanto lavam, ou das ceramistas do interior da Bahia em seus tornos manuais, horas e horas centrando suas peças e moldando-as? De um surfista? De um nadador de maratona aquática? De um alpinista? Há muito o que se rever sobre a tal da meditação.
Mas o foco no momento presente é um o portal, por que não dizer um pré-requisito para outras formas de conexão. Nas práticas meditativas a concentração pode ser seguida da contemplação ou das práticas compassivas. Contemplar a mente é testemunhá-la sem julgamento, o não julgamento impede que a mente pule para o passado ou para o futuro. Impede que nos apeguemos a questões cotidianas, que aceitemos as coisas como são. Nas técnicas compassivas visualizações, invocações, orações são realizadas com objetivo de nos conectar com o mundo, as pessoas e nos mesmos.
Tudo isso cabe no que chamamos meditação, mas o que mais? O terço das avós? Os louvores dos evangélicos? As danças circulares dos dervishes no Sufismo? O giro frenético dos caboclos da Umbanda? Os mutetos repetitivos dos orixás do Canbomblé?
Muito se conhece e se estudou sobre meditação nas ultimas décadas, sabemos seus benefícios, como o cérebro reage, mas ainda é bem pouco em universo de práticas tão abundantes.
E afinal: O que é meditação para você? Você pratica? Qual?